quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Baudelaire

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Embriague-se
É preciso estar sempre embriagado. Isso é tudo: é a única questão. Para não sentir o horrível fardo do tempo que lhe pesa sobre os ombros e os curva para o chão, é preciso embriagar-se sem perdão. Mas de que? De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser. Mas embriague-se. E se às vezes, nos degraus de um palácio, na grama verde de um abismo, na solidão triste do seu quarto; você acorda, a embriaguez já diminuída ou desaparecida, pergunte ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, pergunte que horas são e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio lhe responderão: É hora de embriagar-se! Para não ser o escravo mártir do tempo, embriague-se; embriague-se sem parar! De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser.
Charles Baudelaire

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